domingo, 18 de julho de 2010

Ser fiel aos outros às vezes é trair a si mesmo

A “fidelidade”, tal qual exigida nos padrões da nossa cultura, é uma fidelidade falsa e usada para controlar o outro. Primeiro que normalmente inicia-se um relacionamento cheio de projeções e carências disfarçadas de amor. Como o outro passa a ser a fonte provedora de tudo o que sentimos falta, o medo de perder esta mordomia energética passa a assombrar nossa consciência e aí está a causa para a existência dos pactos de fidelidade: “eu te dou meu amor e você me dá o seu carinho… sendo assim, serei fiel a você e você a mim por todo o sempre”. O outro contém uma parte nossa da qual não queremos perder de forma alguma. Queremos segurança a qualquer preço, mesmo que isso sugira entregar nosso poder pessoal e sermos submissos. O porquê disto está na construção da personalidade, nos primeiros anos da nossa infância. Em outras palavras, quando alguém pede “fidelidade” está querendo dizer “segurança”.

O oposto do fiel é o traidor. Ser fiel implica trair também porque um é a negação do outro: para ser fiel a algo, uma parte precisa ser traída – elas são ubíquas. Quando uma pessoa não se sente mais presente num relacionamento e permanece neste em nome da fidelidade prometida no início, ela passa a trair a si mesmo – o maior de todos os pecados! A verdadeira fidelidade é aquela que assumimos com nós mesmos e se estende ao outro. “Sou fiel ao nosso relacionamento porque tenho bons sentimentos para com ele”; “Não sou fiel a você, mas ao que sinto por você”… Se um dia meus sentimentos acabam, o relacionamento deve acabar também. Eu aqui pergunto: de que vale um casamento quando apenas uma pessoa ama? Posso estar sendo fiel ao compromisso selado, mas não estarei sendo fiel a mim. Estou traindo do mesmo jeito. E assim esta pessoa que se trai vai sendo manipulada pelo medo que o outro tem da solidão e, também, pela comodidade que o relacionamento lhes proporciona.

Uma vez tentei ser fiel ao relacionamento e saí de ruim, de vilão e de manipulador. Mas a raiva que senti não foi direcionada para o outro e sim a mim mesmo, por não ter sido fiel às minhas convicções e princípios.

Aqui fica a minha sugestão: por mais difícil que seja, nunca deixe de ser fiel a si mesmo! Essa é a única maneira de você respeitar e ser respeitado.

3 comentários:

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  2. “Entre a fidelidade e a liberdade, haverá uma conciliação possível? A que preço?" Essa celebre frase de Simone de Beauvoir (1908-1986) inspirou Juliana Rosenthal K. a escrever uma história sobre um suposto encontro em 1960 entre a já famosa filósofa e escritora francesa com Dorinha, uma jovem estudante de Letras do Recife, apaixonada pelos ideais libertários da época.

    Marisa Orth volta aos palcos paulistanos interpretando uma personalidade. “Acompanhei o processo do texto e adorei o resultado alcançado pela Juliana. Interpretar Simone de Beauvoir nesse contexto está sendo um agradável desafio”, diz Marisa que chamou o diretor José Rubens Siqueira para conduzir essa delicada história. “O Zé Rubens é um diretor de ator, nos faz crescer em cena. Tinha que ser ele”, completa a atriz.

    Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir ficaram três meses no Brasil em 1960, e seus últimos dias no País foram passados no Recife.

    Quando: Dias 6, 7 de Agosto às 21h e dia 8 de agosto, às 20h

    Onde: Cine Teatro SESC - Av. Tancredo Neves, 1.109,8º andar, Pituba, Salvador

    Quanto: Sexta - R$60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia), Sábado e Domingo - R$ 70,00 e R$35,00 (meia).

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